Ílhavo: “A Educação é e continuará a ser, para mim, um espaço de elevação, serviço público e diálogo" - Maria Canhoto.

A Diretora do Agrupamento de Escolas de Ílhavo rejeita as acusações em torno da condução da gestão das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) lamentando as críticas dirigidas à alegada “obrigatoriedade” na inscrição de alunos.

Pais e dirigentes de associações de pais manifestam preocupação pela mudança no sistema que permitia uma gestão direta das associações de pais para alunos não inscritos em AEC´s e que no presente ano letivo colocam os alunos não inscritos num vazio sem que possam permanecer em espaço escolar.

Maria Canhoto diz que não pode ser visada por uma questão de implicações legais.

Em texto publicado há quatro dias deixou claro que não se revê nas críticas que a responsabilizam pela polémica.

“Não me revejo, de forma alguma, nas expressões de ignorância, arrogância e incompetência que foram associadas ao meu nome. Estas afirmações são infundadas e não correspondem à verdade do meu percurso profissional nem ao trabalho desenvolvido pelo Agrupamento”.

A diretora do agrupamento tem recebido queixas de pais e o tema entrou na esfera pública, com uma petição e apelo lançados em reunião da Assembleia Municipal na passada sexta-feira.

Com o tema na agenda mediática, a diretora deixou claro que as decisões tomadas surgem em função do projeto educativo e não devem misturar-se com o momento pré-eleitoral.

“A Educação é e continuará a ser, para mim, um espaço de elevação, serviço público e diálogo. Não permitirei que debates político-partidários coloquem a educação, os alunos ou a equipa educativa em rota de colisão. O meu compromisso é exclusivamente com a comunidade educativa de Ílhavo e com a qualidade do serviço público que prestamos”.

Apoiante da recandidatura de João Campolargo, a responsável pelo agrupamento de Ílhavo deixou, ainda, referência ao surgimento de Maria Eugénia Pinheiro na lista da AD candidata à liderança da autarquia salientando que o exercício de direitos cívicos e políticos não abalam a relação de amizade e respeito.

“Mantenho com a Professora Maria Eugénia Pinheiro uma relação de amizade e de respeito profissional que não será beliscada por diferenças de apoio a candidaturas autárquicas. Cada uma de nós tem a sua liberdade cívica, mas essa liberdade não põe nem nunca porá em causa a estima e o reconhecimento mútuos”.

Neste início de semana surgem apelos de vários quadrantes à manutenção do modelo que serviu de base à gestão das AEC´s no último ano letivo para permitir encontrar uma solução concertada entre agrupamentos de escolas, autarquia e associações de pais em nome da tranquilidade nas escolas.

Apelo chega também da antiga diretora do agrupamento da Gafanha da Nazaré e candidata autárquica.

Eugénia Pinheiro diz que o faz a título pessoal em nota divulgada esta terça-feira.

Lembra que a legislação em vigor coloca as AEC´s como “oferta obrigatória” e de “frequência facultativa”.

Sugere a manutenção do modelo e o adiamento das alterações para o final do próximo ano letivo.

“Setembro não é mês de alterações, é de recomeço”.

O modelo que vigorou até ao Verão de 2025 terá sofrido alteração e os pais alegam que só no arranque do novo ano, em Setembro, foram confrontados com mudanças.

Eugénia Pinheiro admite que o acolhimento das crianças não está em conformidade com a lei mas considerando as “soluções diferentes” apresentadas em diferentes locais do Município defende que essa “diferenciação deve ser analisada” para encontrar soluções de consenso.

“Se se permitiu que (e BEM, na minha opinião pessoal) coexistissem diferentes modelos de funcionamento, apoiados e financiados pelo Município, será agora altura de mudar, exatamente em setembro, quando as famílias têm a vida organizada? Não se poderia, a bem dos utentes e do superior interesse das crianças e das famílias, fazer um entendimento, aceitável dado o contexto e a emergência da situação, de que esse tempo no ATL seria pago pelos pais/EE assumindo via pagamento autónomo, esse tempo à Associação de Pais?”

O apelo a esta abertura permitiria, segundo Eugénia Pinheiro, garantir sustentabilidade económica às Associações de Pais “que continuarão a precisar de todos os recursos para o serviço de almoço, mas, não tendo crianças às 16h, correrão o risco de ter que recorrer a despedimentos”.

Consensual é o recurso às AEC´s para alunos de 1º Ciclo inscritos numa oferta que tem investimento municipal em recursos humanos para diferentes áreas de conhecimento e atividades.

Apontada ao lugar de vereadora da educação, caso a candidatura da AD vença as eleições, Eugénia Pinheiro considera que há tempo ao longo do ano para estruturar o novo modelo.

“Entretanto, de forma atempada e estruturada, de modo a não lesar o Município (que assumiu os compromissos) e em diálogo estreito, franco e aberto com as Associações, responsáveis pelas unidades orgânicas e Município, esta questão e, outras que vierem a ser colocadas, poderão ser analisadas”.

A Câmara de Ílhavo, que segue o assunto de perto, desafiou deputados municipais da área do direito a conseguirem pareceres que sustentem soluções legais que enquadrem a pretensão dos pais.

Em simultâneo tenta dialogar com a direção do agrupamento para que encontre forma de "baixar a temperatura" na relação com as associações de pais.