Ordem dos Arquitetos manifesta “veemente discordância” quanto à demolição da Vivenda Aleluia.

2023-03-27 09:50

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A Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitectos manifesta “veemente discordância” quanto à possibilidade de demolição da Vivenda Aleluia, situada na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro.

O edifício sede do PCP vai dar lugar a um novo edifício.

Datada de 1929, da autoria do arquiteto Francisco Augusto Silva Rocha, a casa tem, segundo a Ordem, “carácter histórico, cultural, estético e autoral que justifica a sua proteção, preservação e valorização”.

A posição é assumida pelo presidente da Secção Regional do Centro da OA, Carlos Reis Figueiredo que recusa os argumentos apresentados pelo Partido Comunista.

“A ausência de classificação do imóvel não pode constituir argumento suficiente para viabilizar a sua demolição”.

Apela aos poderes públicos com competência na área do património para que mobilizem “esforços para viabilizar a classificação e proteção imediata deste imóvel, reconhecendo, em linha com o estipulado na Lei de Bases do Património Cultural (art.º 15.º da Lei 107/2001, de 8 de setembro), o valor do edifício à escala da comunidade, impedindo a sua demolição iminente”.

O arquiteto Silva Rocha viveu e trabalhou em Aveiro, sendo o autor de um conjunto de obras que contribuíram para a afirmação da cidade no campo da produção arquitetónica, nas primeiras décadas do século XX, possibilitando que atualmente Aveiro seja reconhecida como a cidade-museu da Arte Nova em Portugal.

A Vivenda Aleluia, mandada construir por Gervásio Aleluia (um dos proprietários da Fábrica Aleluia) após a abertura da antiga Avenida Central, é representativa de um período tardio da obra de Silva Rocha, aproximando-se do estilo da “casa portuguesa” preconizado por Raúl Lino.

Integra, igualmente, um valioso património cerâmico e decorativo associado ao legado da indústria cerâmica da cidade.

Desde 1974, a Vivenda Aleluia funcionou como sede da Organização Regional de Aveiro do Partido Comunista Português, que, tendo adquirido o imóvel em 2014, pretende proceder à demolição do edificado para realizar uma nova construção de sete andares.