Investigadora da UA estuda risco das estradas europeias para aves e mamíferos.

2020-06-16 21:09

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Cerca de 194 milhões de aves e 29 milhões de mamíferos podem ser atropelados por ano nas estradas europeias.

De acordo com a estimativa de uma equipa internacional de investigadores liderada por Clara Grilo, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo da Ciências ULisboa, com sede na Universidade de Aveiro, esta é uma realidade preocupante.

Os resultados estão publicados na revista científica Frontiers in Ecology and Environment.

“Queríamos conhecer as espécies mais afetadas pelas estradas na Europa e mapear as áreas onde as estradas podem ser uma ameaça para as aves e mamiferos na Europa. Fizemos uma compilação dos estudos com registos de atropelamentos na Europa e desenvolvemos modelos para estimar o número de atropelamentos de espécies não estudadas e identificar quais as espécies vulneráveis à extinção local devido às estradas”, afirma Clara Grilo.

As taxas de atropelamento variam entre as diferentes espécies e os investigadores explicam porquê.

“As aves e os mamíferos com menor tamanho corporal e com caracteristicas que os tornam mais abundantes apresentam maior número de registos de atropelamento. Por exemplo, os melros e os ouriços apresentaram taxas de atropelamento particularmente elevadas”, destaca a coautora Manuela González-Suárez, professora na Universidade de Reading, Reino Unido.

A equipa verificou ainda que as espécies podem ser particularmente vulneráveis à extinção local, mesmo com poucos atropelamentos, se estes ocorrerem em baixas densidades tais como as águias e morcegos. “Isto significa que as estradas com o maior número de atropelamentos para aves e mamíferos não coincidem espacialmente com as regiões com o maior número de espécies potencialmente vulneráveis à extinção local devido às estradas”, destaca Clara Grilo.

A coordenadora do estudo destaca ainda a necessidade de ir mais além.

“Do ponto de vista da conservação, precisamos de ir para além da quantificação do número de atropelamentos, e desenvolver modelos populacionais para identificar quais as espécies que podem estar em perigo de extinção devido à perda de indivíduos, o que permite assinalar com maior eficácia os segmentos de estradas que devem ser sujeitos a medidas de mitigação