Doutorando da UA escolhido para o Institute of Food Technologists.

2020-01-20 17:18

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Carlos Pinto, estudante de doutoramento no Departamento de Química da Universidade de Aveiro (na Unidade de Investigação de Química Orgânica, Produtos Naturais e Agroalimentares – QOPNA & LAQV - REQUIMTE) foi eleito representante dos estudantes europeus da Divisão de Processamento Não-Térmico (Non-thermal Processing Division, NPD) do Institute of Food Technologists (IFT) dos EUA, juntamente com mais dois alunos europeus (Espanha e Suíça).

O IFT é a maior associação internacional de tecnólogos alimentares, tendo um papel preponderante na investigação, ensino e aplicações industriais na área da ciência e tecnologia alimentar. Com 78 anos de história, o IFT tem como objetivo a dinamização e partilha de conhecimentos, agregando representantes de mais de 100 países, unidos pelo objetivo comum de contribuir para o desenvolvimento da ciência e tecnologia alimentar a nível académico e industrial.

Carlos Pinto foi eleito pelo comité executivo da NPD, em reconhecimento do trabalho de investigação desenvolvido sob orientação do investigador Jorge Saraiva na área da tecnologia de alta pressão para conservação de alimentos e novas aplicações biotecnológicas, em que a UA tem vindo a desenvolver investigação e aplicações industriais, pela sua forte aposta na tecnologia nos últimos anos. No mandato anterior, uma estudante de doutoramento do QOPNA & LAQV – REQUIMTE (Liliana Fidalgo) também orientada pelo investigador Jorge Saraiva e que, entretanto, terminou o doutoramento, tinha sido também eleita como representante dos estudantes europeus na NPD do IFT.

Carlos Pinto está neste momento a frequentar o 2º ano do programa doutoral em Biotecnologia da Universidade de Aveiro, a desenvolver um trabalho que incide na utilização de estratégias baseadas em alta pressão para inativação de esporos bacterianos e de fungos, como alternativa aos processos de esterilização térmicos tradicionais. Carlos Pinto desenvolve trabalho de investigação envolvendo a tecnologia de alta pressão desde 2015, aquando a realização do seu projeto de licenciatura, tendo realizado a sua tese de mestrado também em aplicações desta tecnologia.

Honrado com a sua escolha, o doutorando da UA considera esta um sinal de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em conjunto com a equipa liderada pelo investigador Jorge Saraiva, com a tecnologia de alta pressão que envolve as vertentes de ciência fundamental e de ciência aplicada.

Usando pressões elevadas, entre 5000 e 6000 atmosferas, é possível pasteurizar alimentos a frio sem necessidade de os submeter a calor, contrariamente à corrente e convencional pasteurização térmica. Deste modo, é possível produzir alimentos pasteurizados a frio com qualidade muito superior e com prazo de validade alargado, em comparação com a pasteurização térmica. A produção industrial de alimentos pasteurizados por alta pressão tem crescido de modo muito considerável nos últimos anos, apesar dos custos ainda mais elevados.

Uma das novas aplicações, a esterilização térmica assistida por alta pressão, combina calor com pressão para produzir produtos alimentares esterilizados, estando a sua utilização comercial aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos. Uma outra aplicação, mais recente, é a possibilidade de conservar alimentos sob pressão, à temperatura ambiente e assim sem necessidade de refrigerar e sem gastos energéticos, que tem vindo a ser estudada por Carlos Pinto. Numa outra linha de investigação, estudam-se aplicações da tecnologia de alta pressão na área da biotecnologia, envolvendo processos fermentativos sob pressão, usando a pressão como um stress microbiano para modular o metabolismo microbiano e assim melhorar processos fermentativos. A tecnologia de alta pressão está também a ser usada para processos de extração a frio de compostos bioativos, nomeadamente de subprodutos de indústrias alimentes.