Bloco de Esquerda lamenta o desaparecimento do sindicalista Manuel Graça.

2020-03-14 21:20

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O Bloco de Esquerda lamenta o desaparecimento do sindicalista Manuel Graça.

Militante da LCI e do PSR, fundador do Bloco de Esquerda, Graça foi durante duas décadas o coordenador do Sindicato do Calçado, Malas e Afins do distrito de Aveiro.

Manuel Graça nasceu em 1953, em Oliveira de Azeméis, distrito de Aveiro, filho de operários da indústria vidreira.

O BE recorda uma vida marcada pelo despedimento do pai e a entrada no mundo do trabalho aos 10 anos de idade, numa fábrica de calçado.

Por volta dos 17 anos começou a participar em atividades culturais, especialmente na associação ARCA, dedicando-se ao cinema e à poesia.

Foi aqui que conheceu alguma literatura conotada com a oposição ao regime fascista de então. Desde essa época familiarizou-se com ativistas de esquerda e pertenceu ao núcleo local da Liga Comunista Internacionalista.

Cumpriu o serviço militar em 1974-75 na região de Lisboa e no movimento dos Soldados Unidos Vencerão.

Enquanto membro do Movimento das Forças Armadas, teve um papel ativo junto do movimento associativo, experiência que o marcou profundamente na sua atividade sindical. Em 1976 regressa ao trabalho no calçado e desde finais dos anos 70 integrou a direção do Sindicato do Calçado do distrito de Aveiro. 

Ficou associado à luta pelas 40 horas semanais no setor, enfrentou o patronato, chegou a ser agredido, denunciou e combateu as falências fraudulentas, dirigiu ocupações e piquetes em empresas, evitando a remoção de equipamentos e matérias-primas no sentido de assegurar o cumprimento dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Num setor altamente feminizado, a defesa da condição da mulher e da igualdade salarial foram sempre bandeiras do Sindicato do Calçado.

Membro do Conselho Nacional da CGTP, Manuel Graça foi voz de um sindicalismo crítico e combativo, interveniente nos debates sobre democracia no movimento operário.

“Militante de uma vida inteira, Manuel Graça foi um exemplo de coragem e sensibilidade”, refere o BE.

Atingido por doença degenerativa, há quase uma década que Manuel Graça se encontrava retirado da intervenção.

Em função das medidas de combate ao Covid-19, as cerimónias fúnebres são reservadas à família de Manuel Graça.