Jacinta culpa Câmara de Estarreja pelo falhanço nas negociações para concerto.

2017-06-01 14:59

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Jacinta não vai atuar, esta sexta, em Estarreja, e um processo que se arrastou no tempo acabou por comprometer a presença da artista da Gafanha da Nazaré na Brain Week em concerto solidário abrindo caminho a uma polémica negocial.

Anunciado para 2 de Junho, agora substituído pela artista VIA, o concerto de Jacinta passou por um processo negocial cujo desfecho não chegou a bom porto. O concerto solidário a favor da Unidade de Cuidados Continuados Dr. Egas Moniz, Avanca, mantém-se na sexta mas com nova artista.

A Câmara de Estarreja alega que a substituição acontece “por motivos alheios ao Cine-Teatro, ao Município e à Brain Week”, mas a agência que representa Jacinta apresenta o histórico do processo para concluir que houve falhas da parte da autarquia.

Jacinta esteve anunciada no material promocional do evento até ao último dia de Maio mas lembra que foi feita uma utilização abusiva uma vez que não havia acordos fechados.

Assume ter sido convidada em finais do ano passado (2016) pela organização da BrainWeek para fazer uma apresentação num congresso médico em evento de “cariz privado e beneficente”, tendo acertado uma atuação em duo, com voz e guitarra de apenas 30 minutos.

A entrada em cena da autarquia de Estarreja alterou o cenário uma vez que passava de “concerto de cariz privado” para iniciativa promovida por um “organismo público”.

A representação da cantora alega que teria de ser "criteriosa" e que o tratamento a dar teria de ser de igualdade face aos demais municípios com quem trabalha.

“Aceitaríamos fazer a apresentação solidária, desde que houvesse garantia de que a cantora Jacinta seria contratada pelo mesmo município para um outro espectáculo e, como Estarreja tem um Festival de Jazz, para o qual nunca a Jacinta foi convidada, indicámos este Festival como o concerto contraponto à apresentação solidária; Tudo isto ficou acordado, sendo necessário apenas passar para o papel, pois há o viver e o morrer e em 2018 já será uma outra edilidade, que não a que está actualmente em exercício”.

A negociação seguiu mas sem desfecho que garantisse o envio de material promocional. “Entretanto, a organização do evento decidiu que o concerto iria ser aberto ao público para angariação de fundos, contudo manter-se-ia com a duração de 30min, o que aceitámos. No decorrer do processo houve sucessivos pedidos de material promocional (fotografias e biografia da Jacinta) para a divulgação da apresentação, ao que sempre respondemos que só o faríamos no término das negociações”.

A representante de Jacinta alega que apenas no dia 25 de Maio recebeu um email com as peças procedimentais, nomeadamente convite e caderno de encargos a ser respondido até às 17h do dia 29 do mesmo mês.

“Fazemos referência ao facto de que o concerto já teria sido anunciado formalmente em conferência de imprensa no dia 24 de Maio, sem o consentimento da Artista e sem que os procedimentos habituais de contratação pública estivessem tratados. A nossa resposta foi dada em tempo útil do dia 29, tal como nos tinha sido imposto e após análise da documentação recebida, entendemos que não poderíamos aceitar os pontos 3.4.4 e 3.4.6. do caderno de encargos e respeitante à forma de pagamento dos cachets, comunicando a não aceitação do convite”.

A cantora defende que trata os Municípios de “forma igual” e que não poderia aceitar condições de pagamento “totalmente diferentes daquelas a que estamos habituados a praticar com todas as entidades públicas ou privadas”.

Lamenta que não existindo acordo e documentos assinados tenha sido anunciado um concerto com a utilização da Imagem e marca JACINTA sem consentimento da artista. E lamenta que a autarquia tenha integrado o concerto nas festas do Município sem que tal tenha sido negociado.

“Verificámos também, que não só a apresentação da Jacinta foi feita como concerto solidário da BrainWeek com a data de 2 de Junho como também a mesma está anunciada como fazendo parte das Festas de Stº António de Estarreja, evento para o qual nunca nos foi solicitado qualquer tipo de participação voluntária, solidária ou remunerada”.

Num elogio ao festival de Jazz de Estarreja e numa declaração de “respeito” pelo público de Estarreja, Jacinta diz que não pode aceitar “uma desvalorização (mesmo que não intencional) do nosso trabalho e da qualidade que procuramos imprimir-lhe. Somos porquanto obrigados a querer respeito pelo nosso trabalho e sobretudo respeito pelos Artistas e Músicos”.