Vagos: Escola de Agricultura diz que vaca parda suíça amestrada reconhece veterinária.

2015-01-05 10:06

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É uma história que chega da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos. Há uma vaca Parda Suíça amestrada na EPADRV que reconhece a veterinária responsável pelo nascimento. A Sissi (assim se chama) tem 13 meses, nasceu na Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos (EPADRV), é filha da vaca Parda Suíça 6773 e responde ao chamamento da sua veterinária cuidadora, levantando-se e aproximando-se para receber miminhos ou afastando-se quando se porta mal e aquela lhe ralha.

Segundo Teresa Valente, veterinária do Polo de Bovinos da EPADRV, a cumplicidade entre ela e o animal nasceu precisamente no nascimento desta, pois, segundo confessa, “fui eu que fiz o parto à 6773 sozinha e enquanto a Sissi ainda estava no canal de parto já estava de olhos abertos a olhar para mim”.

Muito clarinha e pestanuda a forte ligação entre a veterinária e a Sissi reflete-se nos comportamentos de grande afeto, nomeadamente no facto de a vaca nunca ter perdido o vício de sucção nas suas mãos. Um gesto que apenas acontece com a veterinária, pois se qualquer outra operacional esticar a mão, a Sissi rejeita o cumprimento.

Além disso, sempre que a Sissi vê Teresa Valente no parque de lactação desloca-se até à manjedoura e vocaliza até esta falar com ela. Depois, “se eu chamar Sissi ou se disser onde está a Sissi?, esta levanta-se e vem ter comigo e mesmo que não me esteja a ver procura-me”, afirma a veterinária. “Quando se porta mal (às vezes dá cornadas nas outras novilhas, porque ela é a dominante do parque dela), e eu ralho com ela, afasta-se e só volta quando eu faço voz meiga”, acrescenta emocionada.

Não são raras as vezes em que é possível assistir à cumplicidade entre elas. Sempre que estão juntas, a Sissi brinca, saltita como os cavalos, dá marradinhas e desafia a veterinária para fazer corridinhas com ela. Estas atitudes levam Teresa Valente a considerar a Sissi, uma vaca muito inteligente, já que é esta que toma a iniciativa de interagir, que a reconhece e que não se comporta de igual forma com os alunos ou com os operacionais. Tudo isto acontece num ambiente musicalmente harmonioso, já que durante o dia, a veterinária faz questão de presentear os bovinos com uma seleção musical que garante ser excelente para o bem-estar dos animais e aumento de produção de leite.

Em tom confiante admite já pensar “em ensinar-lhe outras coisas, pequenas habilidades, porque quando temos visitas de meninos ela faz já pequenas gracinhas e os meninos ficam encantados. Estou confiante que conseguirá fazer muito mais. Até porque trabalhar com as minhas "matulonas" enche-me o coração”!

Apesar de ser muito especial, as vacas da EPADRV são todas muito mimadas, já que Teresa Valente, para quem não há feriados e fins de semana, todos os dias lhes faz festas e fala com elas, porque acredita que os bovinos respondem sobretudo a comando de voz e distinguem os tons. Segundo a veterinária, “estes animais são passíveis de aprender habilidades. Quando lhes ralho por se porem a correr elas param e ficam quietinhas, sinal de que reconhecem o meu tom de voz. Neste caso aborrecido pelo seu "mau" comportamento”. Por isso mesmo, acrescenta ser muito importante transmitir aos alunos do Curso Técnico de Produção Agrária, a quem também dá aulas teórico-práticas, a necessidade de estabelecer uma relação de respeito para estes animais, de forma a se “conseguir controlar melhor animais que possuem um peso corporal muito superior ao nosso”.

A EPADRV é uma escola de referências em várias áreas de formação, da restauração à equitação, passando pela manutenção industrial, a Serralharia Civil e o Turismo Rural, o polo de bovinos conta com um efetivo total de cerca de 72 animais na sua maioria da raça Holstein Frísia, mas também com exemplares de outras raças de especial aptidão leiteira Jersey e Pardo Suiço, uma Sala de ordenha Fullwood de 4 pontos em espinha, sistema de lavagem automático e sistema de pedómetros de identificação em sala de ordenha, bem como auxiliar à deteção de cios Afikim.

A exploração leiteira é constituída por pavilhão único com parque de lactação com 40 camas de substrato de areia, 4 parques para recria e uma maternidade, equipados com rodos de limpeza automáticos. A alimentação dos animais é feita com recurso a UNIFEED.

A qualidade do efetivo é realçada pela boa média da classificação morfológica que vai obtendo, existindo animais classificados com muito bom e excelente, sendo o melhoramento genético uma aposta contínua.

Texto: EPADRV