"Há 30 anos estaria em casa com uma manta e não me deixavam sair sozinho" - Alexandre Soares Santos.

2016-05-19 09:48

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Alexandre Soares dos Santos diz que o alargamento da idade ativa é inevitável e vê no aumento da esperança de vida um nicho importante ao surgimento de novos negócios. O empresário esteve em Aveiro com José Pacheco Pereira para uma conversa sobre o tema “Para que serve o Trabalho?”

O empresário que liderou o Grupo Jerónimo Martins e foi presidente do Conselho Geral da Universidade de Aveiro não escondeu preocupação pelo momento vivido em Portugal salientando que para existir investimento é necessário “confiança” e “estabilidade” e perceber que o país joga pelas regras da União Europeia e da Moeda Única.

Fala da necessidade de aceitar uma sociedade em mudança em que se fecham áreas de negócio mas onde há novas a surgir todos os dias. E confrontou a plateia com o alargamento da esperança de vida para sugerir que a idade da reforma tende a avançar em simultâneo com o prolongamento da vida ativa (com áudio).

Pacheco Pereira defendeu uma mudança no paradigma de gestão. Fala numa classe que não é escrutinada ou colocada no centro do debate. “Um dos problemas que nunca se discute é a baixa qualidade da gestão da esmagadora maioria das empresas portuguesas. Isso significa desperdício de recursos”.

E sobre os trabalhadores considera que produziriam mais se fossem felizes nas suas tarefas. O comentador político, professor e historiador diz que acontece o contrário. Parte significativa dos trabalhadores faz o que não gosta. “Começo pela moça da caixa de supermercado. O que ela quer é deixar aquele trabalho pouco qualificado, mal pago e muito exaustivo. É bom que as pessoas o tenham e que nas circunstancias atuais possam trabalhar mas o principal desejo é deixar aquilo. Isso é relevante para a qualidade do trabalho. Isso explica muito do que é a ineficácia. O ideal será que as pessoas se vão aproximando do que gostam e tenham capacidade para fazer”.