Covid-19: "Não pode haver estratégias para aulas à distância se a escola pública for gerar mais desigualdade" - Eugénia Pinheiro.

2020-03-25 11:10

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Garantir acesso universal dos alunos aos meios digitais pode ser a chave para garantir o arranque do terceiro período letivo de aulas caso não seja possível retomar aulas presenciais.

As escolas reúnem hoje com o Secretário de Estado da Educação para traçar orientações a pensar nos diferentes cenários.

“A dose de incerteza provoca danos psicológicos a todos. Basta aceder às notícias, a primeira mensagem e de que estamos próximos à distância e não estamos de férias. Estamos preocupados com gostamos dos alunos. Há uma palavra de aconchego”.

Para já a realidade é a paragem e o acompanhamento à distância. Testemunho deixado pelo agrupamento da Gafanha da Nazaré.

“A maioria dos professores estão em causa. Na escola apenas o piquete. Interagem com os alunos à distância em várias modalidades. E uma aprendizagem para todos. Estamos numa aprendizagem complexa com mais de 2 mil alunos mas com o carinho e a vontade de aprender mesmo com todas essas cambiantes”, refere Eugénia Pinheiro, diretora do agrupamento da Gafanha da Nazaré.

Neste momento a prioridade é o bem-estar sem pensar nas questões do rendimento.

“Penso que não podemos pensar na palavra rendimento. Pensamos na palavra bem-estar e equilíbrio psicológico. Depois quando tivermos condições o rendimento entrará no ritmo regular. Este discurso é mais para as famílias”.

A carência de meios é uma realidade que impede um sistema igualitário no acesso às aulas não presenciais.

 “Temos 97 turmas e há 4 turmas em que todos tem internet e computador. Não pode haver estratégias para aulas à distância se a escola pública for gerar mais desigualdade. A estratégia é aproximar os alunos sem deixar ninguém de fora, utilizando mail e uma rede de distribuição com assistentes operacionais a levarem duplicação de material para quem não tem suporta informático. O acesso a conteúdos à multimédia é ainda algo que é muito desigual. Tivemos que ser consciente desta realidade para chegar a todos. Estamos a apostar na revisão e consolidação”.

O regresso às aulas acontecerá quando for possível e em condições de segurança para retomar o trabalho formativo.

“Queremos que quando tudo voltar à normalidade haja condições para regressar à velocidade de cruzeiro. Se no início do terceiro período não for possível retomar aulas presenciais queremos ter condições para que possam aceder a aulas digitais”.