"O bacalhau de antigamente era diferente porque chegava cá com quatro ou seis meses de salga. Neste momento é mais prático trabalhar com seca artificial” - António Ribau.

2018-04-10 10:05

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A secagem de bacalhau a céu aberto foi proibida e a fiscalização segue com atenção os procedimentos das empresas na Gafanha da Nazaré.

O administrador de uma empresa admitiu que recentemente viu apreendido algum bacalhau que tinha sido colocado no exterior.

A seca natural acabou e só pontualmente poderá ser feita por períodos curtos. Medida associada a questões de salubridade uma vez que o calor excessivo, as poeiras e os dejetos das aves poderiam comprometer a saúde pública.

Apesar dos processos mecânicos que vieram para ficar, António Ribau lamenta que o país não acarinhe uma tradição que mereceu da UE essa diferenciação.

"A UE aceitou e aprovou a cura tradicional mas os portugueses proíbem. A secagem ao sol acabou. Ainda no outro dia tinha aqui algum tradicional e os inspetores apreenderam o peixe".

Declarações no decorrer de uma ação da Associação para a Formação Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro que promoveu, esta segunda, mais um workshop do ciclo Bacalhau Com Saberes desta vez sobre o tema “secagem: do ar livre para o frio”.

Os novos processos de secagem, o frio, redução do tempo de seca e poupança energética, além da cura tradicional ou cura amarela, foram alguns dos temas em destaque nesta sessão.

Admitindo que o processo artificial é mais oneroso uma vez que assenta no consumo de energia elétrica, o administrador da empresa Bacalhau do Barents refere que não há grandes diferenças no produto final.

“Não há muita diferença na secagem. O bacalhau de antigamente era diferente porque chegava cá com quatro ou seis meses de salga. Neste momento é mais prático trabalhar com seca artificial”.

António Ribau deixou ainda uma panorâmica sobre o setor para lembrar que o maior problema é a falta de recursos humanos especializados.

“Tivemos um período em que trabalhávamos com imigrantes. E houve uma altura em que não tínhamos gente e aí tivemos que apostar na modernização. Importamos matéria prima para trabalhar e necessitamos desse conhecimento”.